Nizam

Vampiros nos tribunais da Shariah

Miniatura otomana do século XVI retratando o grão-mufti Ebussud, pelo artista  Mahmud Abd-al Baqi.

Durante o século XVI, chegaram ao tribunal do Sheikh Ebussuud – autoridade religiosa islâmica máxima do Império durante o reinado de Sulaiman, o Magnífico – relatos estranhos. Camponeses dos Bálcãs relatavam sobre cadáveres que se erguiam de covas, sugavam a vida das pessoas e quando seus túmulos eram investigados, encontravam-no em posições diferentes das que foram enterradas.
 
Ebussuud estava cético, mas queria acalmar o povo. Ele relatou não encontrar nas fontes da Shariah islâmica algo específico para lidar com tal criatura, então sugeriu, através de uma fatwa, que cadáveres em movimento deveriam ser pregados com uma estaca no chão, ter cabeças cortadas e até terem corpos queimados caso persistisse.

As viagens de Evliya Çelebi

Estátua em homenagem a Evliya Çelebi na Hungria.

No livro Seyâhatnâme, do explorador do século XVI, Evliya Çelebi, o autor descreveu criaturas a que denominou de 'famintos' e também descreveu os caçadores profissionais que eram pagos para identificar túmulos suspeitos e matá-los.

Na Abecásia, nas Montanhas do Cáucaso, o explorador diz ter visto um 'faminto' levitando na Vila de Pedni e também descreveu o método de incineração da criatura utilizada pelos aldeões da vila.

A Cruzada dos Vampiros

Vlad III Tepes da Valáquia

Os otomanos também enfrentaram vampiros no campo de batalha. A referência história mais conhecida no Ocidente associada à figura do vampiro é a de Vlad III Dracul, o Empalador, que inspirou o personagem "Conde Drácula" de Bram Stoker. Vlad tornou-se um herói nacional da Romênia por sua luta contra os otomanos, emulando um ideal de cruzada cristã.

Vlad chegou ao poder com a ajuda dos otomanos, tendo sido criado na corte do sultão Murad III. Ele traiu a confiança de seus aliados por interesses próprios e instaurou um regime sádico onde governou. Vlad punia seus inimigos com a empalação, ou seja, atravessava uma estaca em pessoas vivas, deixando-as sofrer e agonizar. Ele foi denunciado, inclusive por súditos cristãos, por canibalismo, tortura e crueldade. Vlad morreu em 1476 decapitado ao ser emboscado por forças de seu amigo de infância, Mehmet II, sua cabeça foi enviada para Istambul após o ocorrido.

O conde húngaro Ferenc Nasdady, décadas após a morte de Vlad, ergueu a bandeira da cruzada e conquistou diversas vitórias contra a expansão otomana no Reino da Hungria. Ele era conhecido por gostar de matar pessoas através de empalamento, como Vlad, o que alimentava seu sadismo.

A esposa de Ferenc, a famosa condessa Elizabeth Bathory, foi denunciada por seus servos por ter torturado e matado cerca de 600 garotas, drenando o sangue delas para que pudesse tomar banho a fim de rejuvenescer. A condessa foi condenada pelo rei Matias II da Áustria ao cárcere perpétuo em seu castelo, morrendo em 1614.

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