Nizam

Em 1463, o sultão otomano Mehmed II, o Conquistador de Constantinopla, após anexar a Bósnia, redigiu um édito imperial conhecido como o "Ahdname de Milodraž" ao frade franciscano Anđeo Zvizdović, que acordo com a tradição franciscana da Bósnia, Mehmed estava preparando-se para partir após a conquista otomana da região quando Anđeo chegou ao seu encontro no campo militar otomano em Milodraž. Levado pelos soldados de Mehmed, Zvizdović chamou a atenção do sultão para o êxodo dos católicos do país recentemente conquistado. O frade especificamente apontou para a necessidade de manter os comerciantes, artesãos e mineiros, e assim conseguiu receber a solene promessa de Mehmed de tolerância religiosa.

Os direitos expressados no Ahdname de Milodraž foram reiterados por todos os sultões otomanos subsequentes, mas os franciscanos estavam, no entanto, em uma posição difícil com as autoridades locais. Embora fossem leais ao regime otomano, o governo local muitas vezes suspeitava que eles ajudassem o Império Habsburgo católico, o maior inimigo do Império Otomano. Os franciscanos da Bósnia usaram o Ahdname de Milodraž, não apenas nas relações com as autoridades muçulmanas, mas também para proteger-se das ambições do clero ortodoxo oriental quando este reivindicou o direito de cobrar impostos deles também com base em um "firman" (decreto) anterior. O Ahdname de Milodraž foi o responsável pela sobrevivência do catolicismo romano na Bósnia e Herzegovina. O texto do documento dirigido aos padres franciscanos dizia o seguinte:

"Eu, sultão Mehmed Han comando que: ninguém será susceptível a perturbar ou prejudicar essas pessoas, ou suas igrejas. Deixe-os viver em paz no meu império e deixem que essas pessoas que estão fixas ou são imigrantes vivam com segurança e livremente. Deixai-os voltar às suas pátrias dentro das fronteiras de meu império e que vivam e estabeleçam seus mosteiros.

Nenhum membro da família real, nem os meus vizires, nem meus servos, nem os cidadãos deste império irão violar a honra ou ferir essas pessoas.

Ninguém está autorizado a atacar a vida dessas pessoas, a propriedade ou igrejas delas, ou insultá-las ou prejudicá-las, e mesmo se estas pessoas trouxerem cidadãos de outros países para o meu país, estas novas pessoas irão gozar dos mesmos direitos.

Juro por Deus, o Criador e Senhor dos céus e da terra, pelo Mensageiro de Deus, nosso Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah esteja com ele), pelos 124.000 Profetas, e pela espada que estou usando que nenhum dos meus cidadãos contrariará esta ordem, sendo eles leais a mim e seguidores dos meus mandamentos."


O decreto redigido pelo próprio sultão e seu retrato.

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