Nizam


Certa vez, Omar ibn al-Khattab, o segundo califa, viu dois homens se aproximarem da Casa da Corte arrastando um jovem. Vendo a cena, perguntou: "O que está acontecendo? Por que vocês estão arrastando-o até a Casa da Corte?"

Um dos homens respondeu: "Esse garoto matou nosso pai!"


Então, Omar indagou ao jovem: "Você realmente matou o pai deles?"


O jovem respondeu: "Sim, eu o matei. Mas foi um acidente! Meu camelo pastava na propriedade do pai deles. Um dia, ele pegou uma pedra e atingiu o olho do meu camelo. Fiquei furioso ao ver meu camelo sofrer. Então, peguei uma pedra e joguei nele. No entanto, ele morreu."


Omar questionou aos homens: "Vocês perdoarão este garoto pelo acidente que ocorreu?"

"Não! Queremos o talião!"


Omar se dirigiu ao jovem: "Você tem algum último desejo, algo que queira dizer?"

"Sim. Meu pai faleceu e legou ao meu irmão mais novo uma herança em dinheiro. Gostaria de três dias para poder recolher a quantia, que está escondida. Assim, terei certeza de que meu irmão terá acesso ao dinheiro."

Omar imaginou que o garoto tivesse inventado a história, então, perguntou: "Garoto, o que você está dizendo? Que dinheiro? Que pai? Que irmão?"

O jovem respondeu: "Confie em mim."

Omar acatou: "Tudo bem, confiarei em você. No entanto, encontre um garantidor para você."

O garoto olhou em volta da Casa da Corte, no entanto, todos desviavam o olhar dele, ninguém estava disposto a ajudá-lo.


De repente, do fundo da Casa da Corte, uma mão se levantou. Era Abu Dharr al-Ghifari, um ilustre companheiro que divulgou o Islam para inúmeras tribos. Ele disse: "Eu serei o garantidor deste jovem!"


Ao se tornar garantidor do rapaz, al-Ghifari concordava em ser executado caso o garoto não retornasse. Assim, ele partiu.


No primeiro dia, não houve nenhum sinal dele. O mesmo se repetiu no segundo dia. Com a chegada do Asr, no terceiro dia, ainda não havia sequer sombra do rapaz. Então, os dois homens foram até al-Ghifari, dizendo: "Venha conosco para a Casa da Corte. Chegou a hora".

Al-Ghifari concordou, mas disse: "Irei para a Casa da Corte. No entanto, o dia não acaba até que se alcance o Maghrib."

Conforme se aproximava da Casa da Corte, as pessoas se aglomeravam, aproximavam e especulavam acerca do que aconteceria com al-Ghifari. O tempo passava e a Casa da Corte ficava cada vez mais cheia de pessoas.


O chamado para a oração estava prestes a ser feito, quando, de repente, o rapaz apareceu na Casa da Corte. Ao chamado ser encerrado, Omar foi conversar com o jovem: "Ó, garoto! Por que voltou? Não enviei nenhum espião atrás de você, sequer mandei que alguém o seguisse. O que fez você voltar?"

O garoto disse: "Voltei porque não queria que dissessem que um muçulmano deu sua palavra e não a cumpriu. Dessa forma, voltei".

Omar se voltou para al-Ghifari e perguntou: "O que fez você querer ser o garantidor dele?"

Al-Ghifari disse: "Vi um muçulmano em necessidade. Não gostaria que dissessem que um muçulmano estava necessitado e que ninguém o ajudou."

Assim, os dois irmãos refletiram a situação e um deles disse: "Quando temos pessoas assim, como um muçulmano pode pedir perdão e ninguém estar lá para perdoá-lo?". Dessa forma, os homens perdoaram o garoto, que foi poupado.

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