A história do "Rubi do Príncipe Negro", parte da rica decoração da Coroa Imperial do Estado da Inglaterra, remonta a meados do século XIV como posse de Muhammed VI (1332 –1362) de Granada, emir do Emirado Násrida do sul da Espanha.
O emir, conhecido como "o Vermelho", havia liderado uma rebelião contra o emir anterior Muhammad V, que conseguiu exilar, e seu sucessor Ismail II, que matou. A partir de 1361, seu reinado usurpado era caótico, e partidários do predecessor exilado, aliado de Pedro I de Castela, "o Cruel", lhe tornavam a governança impossível. Em nome de seu aliado deposto, o rei castelhano iniciou a tomada de cidades no Emirado, como Iznájar, Málaga e Loja. Contudo, a campanha foi interrompida a mando do próprio Muhammad V, chocado com a carnificina das tropas castelhanas.
Desesperado e sem aliados, Muhammad VI partiu a Servilha em 13 abril de 1362, com a intenção de comprar a lealdade de Pedro I, para faze-lo mudar de lado e apoiar seu reino em detrimento do emir deposto. Partindo com um suntuoso secto, de 300 cavaleiros, 200 soldados de infantaria, pedras preciosas, dentre elas um enorme rubi, e caixas abarrotadas de ouro, ele foi recebido em Sevilha pelo monarca castelhano, que, por cobiça ou lealdade a Muhammad V, aprisionou o emir, após o que o humilhou publicamente fazendo-o montar um asno e vestir uma capa vermelha, e em seguida, o matou pessoalmente, juntamente a 37 de seus homens. A sua cabeça foi enviada a Muhammad V, agora reentronizado, como prova de amizade do rei cristão.
Em 1366, o irmão ilegítimo de Pedro I, Henrique de Trastámara, liderou uma revolta contra "o Cruel''. Sem poder para reprimir a revolta sozinho, Pedro fez uma aliança com Edward de Woodstock, "o Príncipe Negro", filho de Eduardo III da Inglaterra. A revolta foi reprimida com sucesso e o Príncipe Negro exigiu o rubi do falecido Muhammad VI em troca dos serviços que prestara, levando-o para a Inglaterra, onde até hoje enfeita a coroa de Elizabete II.