Nizam
Fonte: Contos Folclóricos


Certa vez, dois homens se dirigiram à corte de Mulá Nasrudin requisitando que seu caso fosse analisado.
Um deles era um homem pobre e o outro, um rico comerciante.


— Excelência, este indivíduo roubou minha loja! Exijo que pague pelo que levou! — falou o comerciante ao Mulá.
— Senhor, não sou ladrão — retrucou o pobre homem.
— Sim, é! Veja Excelência, sou um comerciante de comida, se todo pobre vier à minha loja para comer de graça, logo me tornarei um deles — interrompeu o comerciante.
— Basta! Um de cada vez! — disse Nasrudin ao comerciante.


— Vamos senhor "ladrão", o que tem a dizer em sua defesa? — questionou o Mulá.
— Senhor, sou um homem pobre, sim, porém não sou ladrão. Estava andando pela rua quando achei um pão velho, duro e seco. Então, tive a ideia de ir ao mercado para ver se encontrava algo para deixá-lo mais gostoso. Parei diante da loja deste senhor, e vi o vapor que saía de suas panelas borbulhantes. Então, fui partindo os pedaços do pão e erguendo no ar para que fosse amolecido pelo vapor, e que o cheiro da comida me fizesse pensar que estava comendo algo gostoso.

— Agora entendi! Senhor comerciante, quanto quer pelo que foi consumido? — disse o Mulá.
— Não sou ganancioso, excelência. Basta-me apenas duas moedas — respondeu o comerciante.

Mulá Nasrudin, então, pegou duas moedas de seu bolso enquanto o comerciante as olhava avidamente e, deixando que caíssem em um prato, disse:
— Ouça bem, pois o som é um preço justo pelo cheiro, para alguém tão avarento.

Disse o Profeta Muhammad:
"Não o incomode com o cheiro tentador de sua comida, a não ser que você vá oferecer um pouco."

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