Nizam
Fonte: A History of Modern Libya


Rei Idris da Líbia | Wikimedia

Muhammad Idris ibn Muhammad al-Mahdi as-Senussi (1889-1983) foi um líder político e religioso que atuou como Emir da Cirenaica (1920-1929) e Rei do Reino Unido da Líbia (1951-1969). Foi líder principal da ordem sufi Senussi.

Idris nasceu e foi criado dentro no berço da ordem Senussi, filho de Muhammad al-Mahdi, então líder da ordem e de Aisha bint Muqarrib al-Barasa. Quando seu primo, Ahmed Sharif as-Senussi, abdicou de seu posto como líder da ordem, em 1916, Idris tomou seu lugar. Naquele momento, a região da Cirenaica estava sendo invadida pelos italianos. Idris formou uma aliança com os britânicos e foi capaz de entrar em negociações com os invasores, resultando em dois tratados em que os italianos reconheciam a autoridade Senussi sobre a maior parte do território da Cirenaica.

Em 1922, temendo as repercussões da ascensão de Benito Mussolini ao poder italiano e de que estes poderiam tentar retaliar o poder da ordem, Idris resolveu se exilar no Egito. Logo a Itália reiniciaria sua campanha de tentativa de conquista do território líbio. Em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial no Ocidente, Idris passou a apoiar ativamente os Aliados na guerra, almejando que a região se tornasse um protetorado britânico como a Transjordânia.


Rei Idris após seu exílio da Líbia | Wikimedia

Após a Segunda Guerra Mundial, em 1949, os britânicos declararam que deixariam a Cirenaica, tornando-a independente sob o poder de Idris. No mesmo ano, Assembleia Geral das Nações Unidas apelou em favor da independência da Líbia. Então, em 1951, foi estabelecido o Reino Unido da Líbia, a união das regiões da Cirenaica, Tripolitânia e Fezã, com Idris sendo apontado para ser o rei.


Rei Idris da Líbia com dois oficiais do exército inglês, por Reginald Henry Lewis | Wikimedia

Exercendo uma influência política significativa no país empobrecido, Idris, logo que passou a ser rei, baniu os partidos políticos, colocando um sistema em que apenas os candidatos nomeados pelo governo poderiam ser escolhidos através do voto. Em 1963, substituiu o sistema federativo líbio em prol de um sistema unitário, acreditando que seria uma forma de lidar com os problemas do federalismo e as intrigas que existiam dentro dos Senussi em relação à sucessão do trono, inaugurando, assim, o Reino da Líbia.

Idris estabeleceu ligações muito íntimas com as potências ocidentais, sobretudo com o Reino Unido e os Estados Unidos, permitindo que ambos construíssem bases militares para si dentro de território líbio em troca de ajuda financeira. Em 1959, após o descobrimento de petróleo na Líbia, o rei passou a supervisionar o surgimento de uma crescente indústria que possibilitou um rápido crescimento econômico no país.


Rei Idris na capa da revista líbia Al Iza'a, 15 de agosto de 1965 | Wikimedia

O governo de Idris foi enfraquecido sobretudo pelo crescente sentimento nacionalista e socialista que tomava os países árabes (notadamente os países do Mediterrâneo e o Iraque). A frustração popular em relação à crescente percepção da corrupção no país e as ligações do governo com nações ocidentais também ajudaram a manchar a imagem da Líbia entre seu próprio povo.

Em 1969, durante um tratamento médico na Turquia, Idris foi deposto em um golpe militar liderado por Muammar Gaddafi e outros oficiais das Forças Armadas Líbias. A monarquia foi abolida e uma república proclamada.

Idris e sua esposa, Fatimah al-Sharif, se exilaram no Egito após o golpe. Em 1983, aos 94 anos, Idris faleceu no Cairo. Ele foi sepultado no cemitério al-Baqi’ em Medina, Arábia Saudita.

Idris foi descrito como um erudito bem-intencionado, porém relutante em se envolver com a política; um homem piedoso, religioso e modesto.

Referências:
Bloodless coup in Libya. BBC News, On This Day. 1 September 1969.
Schnelzer, Nadine (2016). Libya in the Arab Spring: The Constitutional Discourse since the Fall of Gaddafi. Springer. p. 31. ISBN 978-3-658-11381-0.
Mortimer, Gavin (2014). LKill Rommel!: Operation Flipper 1941. London: Bloomsbury Publishing.
Vandewalle, Dirk (2006). A History of Modern Libya. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0521615549.
Bearman, Jonathan (1986). Qadhafi's Libya. London: Zed Books. ISBN 978-0-86232-434-6.

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