Nizam

Certa vez, ibn Sirin comprou mel — tanto mel que o comprou em um grande jarro de barro. Em tempos antigos, esse jarro era capaz de armazenar entre 200 a 250 quilos de mel. Então, após armazenar o mel, acabou se esquecendo de fechar a tampa.

Pela noite, um rato entrou em sua casa e pulou no grande jarro com mel. Pela manhã, quando acordou, percebeu que não fechou a tampa do jarro e viu o rato, morto, dentro do jarro. O rato, provavelmente, não conseguiu sair dele e ficou preso. 

Ibn Siri pegou o jarro com mel, foi até um rio e o derramou completamente nele. Algumas pessoas viram a cena e foram falar com ibn Sirin: “Ó Muhammad ibn Sirin, você só precisava se livrar do rato e vender o que sobrou do mel! Por que ele deve ser totalmente jogado fora?” Ibn Sirin respondeu: “Por Allah, meu irmão! Não sei quais gotas do mel foram expostas às bactérias, quais foram expostas à sujeira… Como posso vendê-las, enganando o comprador? Melhor perder tudo que ser humilhado por Allah no Dia do Juízo.”

O vendedor do mel, foi até ibn Sirin, depois de um tempo, pedindo o pagamento pelo que vendera a ele: “Ó ibn Sirin, pague sua conta.” Ibn Sirin disse: “Ainda não tenho dinheiro.” Ele disse: “Tudo bem, como resolvemos isso?” Ibn Sirin pediu mais tempo ao vendedor para que conseguisse o dinheiro, e este concordou.

O tempo passava e ibn Sirin não conseguia dinheiro para pagar ao vendedor de mel. Então, o vendedor resolveu recorrer ao juiz, que chamou ibn Sirin. No tribunal, o juiz perguntou: “O que houve, ibn Sirin?” Ele respondeu: “A lei está em suas mãos. Essa é a história e eu não tenho nada para pagar.” O juiz disse: “Então você será preso.” Ele disse: “Tudo bem.” 

O guarda da prisão sabia quem era ibn Sirin e que este se tratava de um grande erudito. Ele disse: “Ó ibn Sirin! Você pode ir para a sua casa e dormir com sua família nesta noite e, então, volte para cá pela manhã.” O guarda disse isso duas vezes.

Ibn Sirin disse: “Wallahi!”, enquanto segurava as barras da grade de sua cela, “Meu irmão, não te ajudarei a ir para o Inferno. Ficarei aqui até que minha dívida seja quitada.” Ibn Sirin não queria sair assim. Ele era um grande observador das orações e também costumava recitar o Alcorão enquanto estava preso.

Então, um dia, pessoas de toda a região de Bagdá vieram para pagar sua dívida. Eles conheciam a natureza piedosa e justa de ibn Sirin, sua relação com Allah e como, mesmo na prisão, não deixou de adorar a Allah e seguir Seus comandos em nenhum instante. Assim, ele foi libertado da prisão.

Como Allah diz no Alcorão: "Dize-lhes: Ó meus servos, fiéis, temei a vosso Senhor! Para aqueles que praticam o bem neste mundo haverá uma recompensa. A terra de Deus é vasta! Aos perseverantes, ser-lhes-ão pagas, irrestritamente as suas recompensas!" [39:10].

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