Filhas e filhos do Profeta Muhammad

Qasim foi o primeiro filho de Muhammad, sua mãe era Khadijah (a primeira esposa dele). Ele nasceu em 598 d.C. e faleceu em 601 d.C. (quando já tinha 3 anos), antes do início da profecia de Muhammad, em 609. Foi enterrado em Jannat al-Mu'alla, em Meca.

Zaynab foi a primeira filha de Muhammad, também filha de Khadijah. Ela nasceu em 599 d.C. e faleceu em 629 d.C., aos 30 anos.

Se casou com seu primo materno, Abu al-As ibn al-Rabi', filho adotivo e sahaba de Muhammad. Juntos, tiveram Ali, que faleceu ainda na infância e Umama, que também veio a ser uma sahaba.

Ela se declarou muçulmana assim que seu pai indicou a profecia. Os coraixitas pressionaram seu marido a se divorciar de Zaynab, oferecendo a possibilidade de que se casasse com qualquer mulher que quisesse, mas negou. O Profeta o elogiou por sua postura.

Quando os muçulmanos começaram a deixar Meca, em direção a Medina, Zaynab permaneceu na cidade com Abu al-As, apesar de ele não ter se revertido ao Islam.

Após a Batalha de Badr, descobriu-se que um dos capturados era Abu al-As, marido de Zaynab. Ela enviou um resgate em dinheiro e seu colar de ônix, dado por sua mãe, Khadijah, quando se casou. Ao ver o colar, o Profeta recusou-se a aceitar qualquer dinheiro em seu resgate e o enviou para a casa, com Abu al-As prometendo que enviaria Zaynab para Medina.

Zaynab aceitou o acordo. Seu irmão adotivo, Zayd, chegou em Meca para escoltá-la até Medina. Ela entrou em um hawdaj (uma espécie de montaria que se colocava em cima dos camelos) e seu irmão adotivo, Kinana, guiou o camelo até Zayd em plena luz do dia. Os coraixitas entenderam essa cena como uma exibição desnecessária do triunfo do Profeta em Badr. Um grupo deles perseguiram Zaynab e a alcançaram em Dhu Tuwa. Um homem chamado Habbar ibn al-Aswad ameaçou-a com sua lança e a empurrou. Ela caiu do hawdaj até uma rocha. Kinana mostrou as flechas que carregava em sua aljava e ameaçou matar qualquer um que se aproximasse. Então, Abu Sufyan chegou, falando a Kinana que guardasse o arco para que pudessem conversar racionalmente. Ele disse que os coraixitas não tinham a intenção de impedir que uma mulher fosse até seu pai como vingança por Badr, mas que era errado que Kinana os humilhasse em público; ele deveria fazer isso em silêncio. Então, quando os ânimos de acalmara, Kinana levou Zaynab para Meca. Lá, sofreu um aborto espontâneo, perdendo muito sangue, que atribuiu como consequência de ter sido empurrada por Habbar. Algumas noites depois, Kinana pegou-a silenciosamente para que se encontrasse com Zayd, que a escoltou até Medina. Anas ibn Malik, um sahaba do Profeta, lembra-se de ter visto Zaynab em Medina usando uma capa de seda listrada.

Zaynab não viu seu marido por aproximadamente quatro anos, até que em setembro ou outubro de 627, Abu al-As entrou em sua casa, em Medina, pedindo por proteção. Alguns muçulmanos tomaram parte de suas mercadorias que guardava para outros coraixitas e queria resgatá-las. Na outra manhã, Zaynab se sentou entre as mulheres na oração do Fajr e disse: "Eu dei proteção a Abu al-As ibn al-Rabi'!" Quando as orações se encerraram, Muhammad confirmou não saber nada sobre isso, no entanto, disse: "Protegemos quem quer que ela proteja". Ele disse a Zaynab que tratasse Abu al-As como um convidado. Então, o Profeta providenciou a devolução das mercadorias dos coraixitas e Abu al-As as levou para seus donos, em Meca. Abu al-As se converteu ao Islam e retornou para Medina. O Profeta Muhammad, então, restaurou a condição de Zaynab e Abu al-As como casal.

Zaynab faleceu no meio de 629. Sua morte foi atribuída às complicações do aborto espontâneo que tivera em 624. Dentre as mulheres que lavaram seu corpo falecido para que fosse sepultado estavam Baraka (sahaba), Sauda e Umm Salama (ambas esposas do Profeta).

Ruqayyah nasceu por volta de 601/602 d.C e faleceu em 624. Foi a segunda filha de Muhammad e Khadijah.

Ruqayyah se casou com seu primo, Utbah ibn Abu Lahab, no entanto, seu casamento nunca foi consumado. Ruqayyah se tornou muçulmana quando sua mãe faleceu. Quando o Profeta Muhammad começou a pregar publicamente em 613, os coraixitas o lembraram que eles “o aliviaram de ter que cuidar de suas filhas” e decidiram enviá-las aos cuidados do Profeta para que ele passasse a sustentá-las. Eles disseram a Utbah que o dariam “a filha de Aban ibn Sa’id ibn al-As’ ou a filha de Sa’id ibn Al-As” se ele se divorciasse de Ruqayyah. Após Muhammad avisar que Abu Lahab iria para o inferno, este disse que nunca mais falaria com seu filho, Utbah, novamente, a menos que se divorciasse de Ruqayah, o que, de acordo, fez.

Por volta de 612 Ruqayah se casou com Uthman ibn Affan, sahaba que viria a ser califa no futuro. Ela o acompanhou na primeira Migração para a Abissínia, onde sofreu um aborto espontâneo. Eles voltaram para a Abissínia em 616, e deu luz a um garoto, Abdullah, em 619. Abdullah morreu aos seis anos em Medina. Ela não teve outros filhos.

Uthman e Ruqayyah estavam entre aqueles que voltaram para Meca em 619. Uthman emigrou para Medina em 622 e Ruqayyah também o fez posteriormente.

Ruqayyah era considerada extremamente bonita. Quando Usama ibn Zayd foi enviado para a casa deles, viu-se olhando para ela e para Uthman várias vezes. Muhammad questionou Usama: "Você já viu um casal mais bonito que este?" e ele concordou que nunca viu.

Ruqayyah ficou doente em março de 624. Uthman foi dispensado de seus deveres militares para cuidar dela. Ela faleceu no dia em que Zayd ibn Harithah, o filho adotivo e sahaba do Profeta retornou a Medina com a notícia da vitória na Batalha de Badr. Quando o Profeta retornou para Medina, após a batalha, a família foi lamentar em seu túmulo. As mulheres choraram de forma ruidosa, e Omar ibn al-Khattab, que viria a ser califa do Profeta no futuro, se irritou; mas Muhammad disse; "Deixe-as chorar, Umar – mas cuidado com o zurro de Satanás".

Umm Kulthum foi a terceira filha do Profeta Muhammad e de sua esposa, Khadijah. Nasceu por volta de 603 d.C. e faleceu em 630.

Ela foi casada legalmente com Utayba ibn Abi Lahab, mas seu casamento não foi consumado. Ela ainda vivia com seus pais quando Muhammad anunciou a profecia e se tornou muçulmana assim que sua mãe se tornou.

Em 613, após Muhammad avisar a Abu Lahab que ele seria enviado para o inferno, este disse para seu filho, Utayba, que nunca mais falaria com ele, a menos que se divorciasse de Umm Kulthum. E assim Utayba fez. Sua irmã materna, Hind ibn Abi Hala, perguntou a Muhammad: "Por que você separou Umm Kulthum de Utayba?" ao que ele respondeu: "Allah não permitiu que eu a casasse com uma pessoa que não vai para o Paraíso".

Muhammad deixou Meca em setembro de 622. Pouco tempo depois, Zayd ibn Harithah levou instruções para Umm Kulthum e sua irmã, Fatimah, para se juntar ao pai em Medina. Seu tio, al-Abbas colou-as sobre um camelo; mas, enquanto partiam, Huwayrith ibn Nuqaydh incitou o animal para que os jogasse no chão. No entanto, Umm Kulthum e Fatimah chegaram a Medina em segurança. Muhammad recordou do ataque e, quando conquistou Meca, em 630, sentenciou Huwayrith à morte.

Após a morte de sua irmã, Ruqayyah, que era casada com Uthman, que se tornou viúvo, ela casou legalmente com Uthman em agosto ou setembro de 624, mas só passaram a viver juntos em dezembro. Eles não tiveram filhos.

Após a Batalha de Uhud, Umm Kulthum atendeu a porta para um homem que dizia dever dinheiro para Uthman. Umm Kulthum levou-o para seu marido e descobriu que se tratava de um primo do exército inimigo que buscava proteção. Uthman não gostou do ocorrido, mas foi perguntar a Muhammad sobre isso. Enquanto ele estava fora, alguns muçulmanos entraram na casa e perguntam a Umm Kulthum onde estava o fugitivo. Ela apontou para o esconderijo dele e eles o puxaram para fora. Eles o levaram para Muhammad no momento em que Uthman implorava pelo salvo-conduto. Muhammad deu a Uthman o direito de proteção por três dias. Então, Uthman arranjou um camelo para que seu primo fugisse quanto antes. No entanto, após três dias, ele foi encontrado na estrada e foi morto por outros muçulmanos.

Umm Kulthum morreu no final de 630. Muhammad conduziu, cheio de lágrimas, seu funeral. Então, Ali, Usama ibn Zayd e Abu Talha enterram seu corpo. Muhammad disse: "Se tivesse dez filhas, casá-las-ia todas com Uthman". Uthman era conhecido como Dhu al-Nurayn (O Possuidor das Duas Luzes), porque nenhum outro homem conhecido se casou com duas filhas de um profeta. 

Fatimah foi a quarta filha do Profeta com Khadijah. Ela nasceu entre 605 e 615 d.C. e faleceu em 632. Fatimah se casou com Ali, o último Califa Rashidun (Bem-Guiado) e dentre seus filhos estavam Hassan e Hussein, que também foram figuras iminentes na comunidade muçulmana. Ela foi a única descendente de Muhammad que além de viver até a maioridade, também teve filhos que não faleceram durante a infância. Os descendentes de Fatimah e Ali receberam, ao longo da história, o título de Sayyid.

Fatimah é celebrada por diversas vertentes islâmicas e é amplamente conhecida sob o título de Fatimah al-Zahra (Fatimah, a Brilhante). Ela também era conhecida como al-Batul (a Casta e Pura) devido ao tempo que dedicava às orações, recitando o Alcorão e em outros atos de adoração a Deus.

Fatimah foi amamentada por sua mãe e criada por seu pai, diferentemente da tradição local de enviar os recém-nascidos para amas-de-leite nas vilas que rondavam Meca. Ela viveu sua juventude ao lado dos pais, durante as tribulações sofridas por estes por causa da perseguição empreendida pelos coraixitas.

A natureza carinhosa de Fatimah é relatada quando Muhammad, enquanto realizava a oração na Caaba, teve placenta de camelo derramada sobre ele por Abu Jahl e seus homens. Ao ouvir a notícia, Fatimah correu até seu pai e limpou a sujeira sobre ele, enquanto repreendia os homens. Com a morte de sua mãe, Fatimah foi tomada pela tristeza e achou muito difícil passar por esta situação. Para consolá-la, o Profeta informou-a de que recebeu uma notícia do Anjo Jibril (Gabriel) de que Deus construiu um palácio para sua mãe no Paraíso.

Muitos sahabas pediram Fatimah em casamento, através de Muhammad, inclusive Abu Bakr e Omar. No entanto, Muhammad recusou, informando que esperava um sinal de seu destino. Ali, um dia, foi ter com Muhammad, mas não conseguiu expressar sua intenção, permanecendo em silêncio. Muhammad entendeu a razão que o levou a ter consigo é que Ali estava querendo casar com Fatimah. Ele sugeriu a Ali que, tendo um escudo, poderia vendê-lo e esta daria dinheiro suficiente para pagar o mahr (presente dado pelo noivo para a noiva). Muhammad apresentou a proposta de Ali para Fatimah, que permaneceu em silêncio e não rejeitou. Ele considerou como sendo um sinal de afirmação e consentimento.

O Profeta disse a Ali que ele foi ordenado a Deus para que oferecesse sua filha, Fatimah, para Ali em casamento. Muhammad disse para Fatimah: "Casei você com o mais querido de minha família para mim". Ali vendeu seu escudo para conseguir o dinheiro necessário para o casamento, como sugerido pelo Profeta. No entanto, Uthman ibn Affan, a quem o escudo fora vendido, devolveu-o para Ali dizendo que era um presente de casamento para ele e Fatimah. Muhammad celebrou a cerimônia de casamento e duas de suas esposas, Aisha e Umm Salama, prepararam a festa de casamento com tâmaras, figos, cordeiros e outras comidas doadas por várias pessoas da comunidade em Medina.

Após casar-se com Ali, o casal viveu uma vida simples, contrastante com a vida de suas irmãs que se casaram com pessoas ricas. Ali construiu uma casa que se localizava relativamente próxima da residência de Muhammad. No entanto, devido ao desejo de Fatimah em estar próximo do pai, um medinense, Haritha ibn al-Numan, doou sua própria para eles.

Por vários anos após seu casamento, ela fazia muito do trabalho sozinha. Seu ombro, em que carregava jarros de água do poço, estava inchado e suas mãos, que usava para trabalhar no moinho para moer milho frequentemente se encontrava cheio de bolhas. Então, Fatimah passou a cuidar de alguns afazeres domésticos: fazer massa, assar pão e limpar a casa. Em troca, Ali passou a cuidar do trabalho externo, como recolher lenha e trazer comida. Ali também trabalhou na irrigação de terras de outras pessoas retirando águas dos poços. Suas circunstâncias eram semelhantes à de muitos muçulmanos na época e só melhoraram após a Batalha de Khaybar, em que o espólio de guerra foi distribuído entre os pobres. Quando a situação econômica dos muçulmanos melhorou, Fatimah passou a ter algumas empregadas, mas tratava-as como parte de sua família, realizando tarefas domésticas com elas.

Após a morte do Profeta, Fatimah pediu a Abu Bakr, então Califa, que uma propriedade de Muhammad fosse legada a ela. No entanto, Abu Bakr rejeitou seu pedido baseado num dito do Profeta em que disse que profetas não deixam heranças e que todas as suas posses se tornam sadaqah a serem usadas em caridade. Eles tiveram desavenças, mas se reconciliaram depois de um tempo.

Fatimah faleceu como consequência de uma doença que adquiriu (ou por causa da dor da perda do pai) e não se sabe ao certo onde foi sepultada.

Abdullah foi o segundo filho de Muhammad e Khadijah, nasceu em 611 d.C e faleceu, ainda na infância, em 615.

Ibrahim foi o terceiro filho de Muhammad, o único que tivera com outra esposa que não fosse Khadijah. A mãe de Ibrahim era Maria al-Qibtiyya. Ele nasceu em 630 e faleceu em 632.

Ibn Khatir, em seu livro "Al-Bidāya wa-n-Nihāya" cita que no dia posterior à morte de Ibrahim, o sol foi eclipsado e as pessoas começaram a comentar que Allah estava mostrando suas condolências ao Seu Profeta através do eclipse. O Profeta, não querendo que seus companheiros caíssem em Fitnah sugerindo que ele ou seu filho fossem divinos, disse: "O sol e a lua não são eclipsados por causa da morte ou nascimento de alguém. Quando virem um eclipse, ore para Allah e invoque Ele."

A mãe de Ibrahim era uma egípcia e o bebê foi dado aos cuidados da ama-de-leite Umm Sayf, esposa de Abu Sayf.

Ibrahim faleceu devido a uma doença que contraiu. O Profeta ficou muito abalado com o acontecimento e sepultou o corpo do bebê junto a al-Abbas e outros. Muhammad preencheu seu túmulo com areia, molhou e colocou um marco sobre ela, dizendo: "As lápides não fazem bem nem mal, mas ajudam a apaziguar os vivos. Tudo o que o homem faz, Deus deseja que ele faça bem."

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