Eldon Rutter desenhado por Sava Botzaris | Telegraph
Eldon Rutter nasceu em 1894, em Camberwell, Inglaterra. Seu pai morreu quando Eldon tinha 16 anos, sendo obrigado a deixar a escola. Serviu na Primeira Guerra Mundial, onde conheceu o Egito, a Palestina e Gallipolli. Após a guerra, conseguiu um trabalho na Malásia Britânica pela Nestlé, onde ficou por quatro anos. Lá, aprendeu árabe com imigrantes de Hadhramaut, Iêmen e se converteu ao Islam. Eldon passou a ser conhecido como Salah ad-Din al-Inkilizi (algo como "Saladino, o Inglês").
Em 1924, quando deixou a Malásia Britânica, passou um ano estudando teologia no Egito, a fim de realizar a peregrinação para Meca e também para Medina no ano seguinte. Ele visitou a Arábia durante um momento crítico, durante as incursões do Movimento Wahabi, anteriormente conhecido como Ikhwan, na região. Eldon passou dez meses em Meca e dois meses em Medina, sendo um dos primeiros ocidentais a ver de perto a destruição causada pelo movimento que eclodia na região.
Ele foi responsável por escrever o livro "The Holy Cities of Arabia" (As Cidades Sagradas da Arábia), publicado em 1928 em dois volumes. O livro recebeu muita atenção, sobretudo na imprensa e por arabistas distintos, como T. E. Lawrance e de St John Philby, além de apoio da Central Asian Society.
Um dos relatos de Eldon acerca dos efeitos da presença do Movimento Wahabi foi o desânimo gerado de, inclusive, mencionar o nome do Profeta Muhammad nas orações. Ele diz ter ouvido um wahabista dizer: "Minha bengala é melhor que Muhammad", "Muhammad está morto e se foi, e não pode beneficiar em nada; mas essa minha bengala tem uma utilidade". Isso causou uma confusão em Meca e uma luta quase foi travada. Eldon também descreveu a destruição dos mausoléus no cemitério mequense em que estão enterradas a mãe do Profeta, Amina; sua primeira esposa, Khadijah; dentre outros sahabas.
Referências:
Shipman, J. (2016). Eldon Rutter. The Holy Cities of Arabia. Asian Affairs.
The Holy Cities of Arabia – Medina Publishing LTD
The Englishman who went alone to Mecca, Telegraph