Em sua viagem ao Império Otomano nos idos 1876, o Imperador do Brasil, Pedro II, foi um dos muitos líderes mundiais, a incluir o papa Pio IX e Abraham Lincoln, que renderam homenagens ao Emir Abdelkader al-Jazairi, mestre sufi outrora líder da resistência argelina, que durante seu exílio em Damasco, no ano de 1860, foi responsável pela proteção dos cristãos maronitas durante o conflito com os drusos.
Em seu Diário, Pedro II descreveu-o como: "Homem baixo, nariz ligeiramente aquilino, olhos pequenos e vivos [...]. Parece ter a cabeça raspada sob o turbante [...]. Traja simplesmente, e tinha chinelas de marroquim amarelo. O cabelo é preto e a barba não é grande." O tratamento dispensado ao governante brasileiro foi “amável e reconfortante”, e os dois pareciam ter se dado muito bem. Dom Pedro provou do chá de hortelã-pimenta que lhe foi servido, o líder árabe também convidou-o a visitar a residência de seu primogênito, onde o clã acomodava todos os seus membros em duas casas com pátio e árvores; tratava-se de um homem rico e famoso, embora desconhecido da cultura ocidental. Pôde apreciar as medalhas que a França conferiu ao Emir por sua atuação na África e Síria, com os seguintes dizeres: "A França que o combateu. Ama-o e admira-o". Na troca de presentes, Pedro II deu a Abdelkader um livro filosófico, escrito em árabe e traduzido para o francês.
Fonte: D. Pedro II: vínculos com o judaísmo, de Noeli Zuleica Oliveria
Uma foto de 1862 do Emir Abdelkader em Damasco, e outra do imperador brasileiro Pedro II montado em um camelo durante sua viagem pelo Oriente Médio.