Certa vez, o famoso asceta Dhul Nun al-Misri enquanto viajava, chegou a uma planície coberta de neve, e viu um zoroastrista jogar sementes sobre o chão.
— Infiel! — lhe disse Dhul Nun — Porque estás espalhando o grão?
— Nevou hoje – respondeu o homem, — creio que os pássaros não poderão encontrar alimento, então espalho estas sementes para que possam comer. Também espero que o Senhor se apiede de mim.
— Não germina o grão que semeiam os ímpios, e tu o és.
— Bem, se Allah não aceitar minha oferenda — respondeu o zoroastrista, — ao menos espero que veja o que faço.
— É claro que Ele vê – respondeu Dhul Nun.
— Então se vê, me é suficiente.
Quando chegou ao final de sua viagem, uma peregrinação à Meca, viu aquele mesmo homem rodeando a Caaba. Ao vê-lo, o agora muçulmano, lhe disse:
— Dhul Nun, o Senhor foi testemunha do que fiz e Se agradou. O grão que semeei germinou, pois, Allah me deu o dom da fé e me conduziu para a Sua Casa.
Desconsertado, Dhul Nun disse:
— Meu Deus, concedes o Paraíso a um infiel por um punhado de sementes?
Então em seu coração escutou uma voz que dizia:
— Ó Dhul Nun! A Misericórdia e a Generosidade do Senhor são imensas!
- Attar de Nishapur, Tazkirat al-Awliya.