Ele cresceu em um lar repleto de fragrância da fé e em uma família onde todos estavam imbuídos do espírito de sacrifício. O pai de Habib, Zayd ibn Asim, foi uma das primeiras pessoas em Yathrib a aceitar o Islam e sua mãe, a célebre Nusaybah bint Kab, conhecida como Umm Ammarah, foi a primeira mulher a empunhar armas em defesa do Islam e em apoio ao abençoado Profeta.
Habib, ainda em tenra idade, teve o privilégio de ir com sua mãe, pai, tia materna e irmão para Meca com o grupo pioneiro de setenta e cinco pessoas que juraram fidelidade ao Profeta em Aqabah e desempenharam um papel decisivo na formação da história inicial de Islamismo.
Em Aqabah, na escuridão da noite, o jovem Habib estendeu sua mão pequena e jurou lealdade ao Profeta. A partir daquele dia, o Profeta (a paz e as bênçãos de Deus sobre ele) tornou-se mais querido para Habib do que sua própria mãe ou pai e o Islam se tornou mais importante para ele do que qualquer cuidado com sua segurança pessoal.
Habib não participou da Batalha de Badr porque era muito jovem. Ele também não teve a oportunidade de participar da batalha de Uhud porque ainda era considerado jovem demais para portar armas. Depois disso, no entanto, ele participou de todos os combates que o Profeta lutou e, em todos, distinguiu-se por sua bravura e disposição para o sacrifício. Embora cada uma destas lutas tivesse a sua importância e exigisse à sua maneira, todas serviram para preparar Habib para o que viria a ser o encontro mais terrível da sua vida, cuja violência abala profundamente a alma.
Vamos acompanhar essa história incrível desde o início. No nono ano após a Hégira, o Islam se espalhou amplamente e se tornou a força dominante na península Arábica. Delegações de tribos de todo o país convergiram para Meca para encontrar o Mensageiro de Deus (que a paz esteja com ele) e anunciar diante dele sua aceitação do Islam.
Entre essas delegações, estava uma das terras altas de Najd, dos Banu Hanilab. Nos arredores de Meca, os membros da delegação amarraram suas montarias e nomearam Musaylamah ibn Habib como seu porta-voz e representante. Musaylamah foi ao Profeta (que a paz esteja com ele) e anunciou a aceitação do Islam por seu povo. O Profeta os recebeu e os tratou com generosidade. Cada um, incluindo Musaylamah, foi agraciado com um presente.
Em seu retorno a Najd, o ambicioso e egoísta Musaylamah retratou-se e desistiu de sua lealdade ao Profeta. Ele se posicionou entre o povo e proclamou que um profeta havia sido enviado por Deus aos Banu Hanifah, assim como Deus havia enviado Muhammad ibn Abdullah aos Quraysh.
Por vários motivos e sob uma variedade de pressões, os Banu Hanilab começaram a se unir em torno dele. A maioria o seguia por lealdade tribal (asabiyyah). De fato, um membro da tribo declarou: "Testifico que Muhammad é realmente verdadeiro e que Musaylamah é realmente um impostor. Mas o impostor de Rabiah (a confederação tribal à qual pertenciam os Banu Hanilab) é mais caro para mim do que a pessoa genuína e verdadeira de Mudar (a confederação tribal à qual os Quraysh pertenciam)."
Em pouco tempo, o número de seguidores de Musaylamah aumentou e ele se sentiu poderoso o suficiente para escrever a seguinte carta ao Profeta (que a paz esteja com ele): "De Musaylamah, o Mensageiro de Deus, a Muhammad, o mensageiro de Deus. A paz esteja com você. Estou preparado para compartilhar esta missão com você. Terei (controle sobre) metade da terra e você terá a outra metade. Mas os Quraysh são um povo agressivo."
Musaylamah despachou dois de seus homens com a carta ao Profeta. Quando leram a carta, o Profeta perguntou-lhes: "E o que vocês mesmos dizem sobre este assunto?" "Afirmamos o que diz a carta", responderam eles. "Por Deus", disse o Profeta, "se não fosse o fato de os emissários não serem mortos, eu teria ferido seus pescoços".
Ele então escreveu a Musaylamah: "Em nome de Deus, o Beneficente, o Compassivo. De Muhammad, o Mensageiro de Deus, a Musaylamah, o impostor. A paz esteja com quem segue a orientação. Deus legará a terra a todos os Seus servos que desejar e o triunfo final será para aqueles que cuidam de seu dever para com Deus.” Ele enviou a carta com os dois homens.
A influência maligna e corruptora de Musaylamah continuou a se espalhar e o Profeta considerou necessário enviar outra carta a ele, convidando-o a abandonar seus caminhos equivocados. O Profeta escolheu Habib ibn Zayd para levar esta carta a Musaylamah. A essa altura, Habib estava no auge de sua juventude e acreditava firmemente na verdade do Islam com cada fibra de seu ser.
Habib empreendeu sua missão com entusiasmo e foi o mais rápido que pôde para as terras altas do Najd, o território dos Banu Hanilab. Ele apresentou a carta a Musaylamah.
Musaylamah teve uma convulsão de raiva amarga. Seu rosto era terrível de se ver. Ele ordenou que Habib fosse acorrentado e trazido de volta à sua presença no dia seguinte.
No dia seguinte, Musaylamah presidiu sua assembleia. À sua direita e à sua esquerda estavam seus conselheiros seniores para promover sua causa maligna. As pessoas comuns foram autorizadas a entrar. Ele então ordenou que Habib, algemado em suas correntes, fosse trazido à sua presença.
Habib estava no meio daquela reunião lotada e cheia de ódio. Ele permaneceu ereto, digno e orgulhoso como uma lança robusta firmemente implantada no chão, inflexível.
Musaylamah voltou-se para ele e perguntou: "Você testemunha que Muhammad é o Mensageiro de Deus?" "Sim", respondeu Habib. "Testifico que Muhammad é o Mensageiro de Deus."
Musaylamah estava visivelmente zangado. "E você testifica que eu sou o Mensageiro de Deus?" Ele estava quase insistindo, ao invés de questionar. "Meus ouvidos foram bloqueados para não ouvir o que você afirma", respondeu Habib.
O rosto de Musaylamah mudou de cor, seus lábios tremeram de raiva e ele gritou para seu carrasco: "Corte um pedaço de seu corpo."
Com a espada na mão, o carrasco ameaçador avançou em direção a Habib e decepou um de seus membros.
Musaylamah então fez a mesma pergunta a ele e, mais uma vez, as respostas de Habib foram as mesmas. Ele afirmou sua crença em Muhammad como o Mensageiro de Deus e, às custas de sua própria vida, recusou-se a reconhecer a condição de mensageiro de qualquer outro. Musaylamah então ordenou que seu capanga cortasse outra parte do corpo de Habib. Esta caiu no chão ao lado do outro membro decepado. As pessoas olhavam maravilhadas com a compostura e firmeza de Habib.
Diante do questionamento persistente de Musaylamah e dos terríveis golpes de seu capanga, Habib continuou repetindo:
"Testifico que Muhammad é o Mensageiro de Deus." Habib não conseguiu sobreviver a essa tortura e a essas atrocidades desumanas por muito tempo e logo faleceu. Em seus lábios puros, enquanto seu sangue vital escoava, estava o nome do abençoado Profeta, a quem ele havia jurado lealdade na noite de Aqabah, o nome de Muhammad, o Mensageiro de Deus.
A notícia do destino de Habib chegou à sua mãe e a reação dela foi simplesmente dizer: "Foi para tal situação que eu o preparei. Ele jurou lealdade ao Profeta na noite de Aqabah como uma criança pequena e hoje, como um adulto, deu sua vida pelo Profeta. Se Deus me permitisse chegar perto de Musaylamah, eu certamente faria suas filhas ferirem as bochechas e lamentar por ele."
O dia que ela desejava não demorou a chegar. Após a morte do Profeta (a paz esteja com ele), Abu Bakr declarou guerra ao impostor. Junto com o exército muçulmano que saiu para enfrentar as forças de Musaylamah, estavam a mãe de Habib, Nusaybah, e outro de seus corajosos filhos, Abdullah ibn Zayd.
Na Batalha de Yamamah que se seguiu, Nusaybah foi vista atravessando as fileiras dos guerreiros como uma leoa e gritando: "Onde está o inimigo de Deus? Mostre-me o inimigo de Deus!" Quando ela finalmente alcançou Musaylamah, ele já havia morrido. Ela olhou para o corpo do vaidoso impostor e cruel tirano e se sentiu serena. Uma grave ameaça aos muçulmanos foi removida e a morte de seu amado filho, Habib, foi vingada.
Na morte de Habib, o nobre Profeta elogiou a ele e toda a sua família e orou: "Que Deus abençoe esta casa. Que Deus tenha misericórdia desta casa."