Nizam
www. Fonte: Iqara Islam

Barba e bigode

O Profeta definiu certos parâmetros para o cultivo de, por exemplo, pelos faciais, como distintivo islâmico masculino:

"Dez são componentes da natureza primordial adâmica (fitrah): aparar o bigode, deixar crescer a barba, etc. (mencionando os demais)." – Sahih Muslim, livro 2, hadith n° 71.

"Se destaquem dos que cometem politeísmo, aparem seu bigode e deixem a barba crescer." – Sahih Muslim, livro 2, hadith n° 69.

"Certa vez, dois emissários persas foram enviados ao Profeta Muhammad pelo rei da Pérsia. Quando eles entraram em sua presença, o Profeta notou que eles tinham suas barbas raspadas e seus bigodes compridos. O profeta não gostou de contemplar aquela aparência, e disse: 'Ai de vós! Quem vos ordenou a fazerem isso?' E eles responderam: 'Nosso senhor (referindo-se ao xá Cosroe)', ao que o Profeta respondeu: 'Meu Senhor (Allah) comandou que eu apare meu bigode e deixasse crescer minha barba'" – al-Bidaya wa Nihaya, livro 4, pg 269.

Os juristas das escolas Hanafi, Maliki e Hanbali, em sua maioria, entenderam que, a partir destes imperativos advindos do Profeta, utilizar estes códigos estéticos eram obrigatórios para os homens muçulmanos. Que se deve deixar a barba crescer (ao tamanho de um punho cerrado, podendo apará-la e delineá-la no formato do rosto) e aparar seu bigode. Os juristas da escola Shafi entenderam que o cumprimento do crescimento da barba se trata, na verdade, de uma sunnah e não de um imperativo literal.

O modo pelo qual a aparação do bigode deve ser feita de acordo com os hadiths proféticos e como entendido pelos juristas, é de modo que este não cubra os lábios, podendo ser deixado um pouco maior em suas extremidades, porém jamais cobrindo os lábios. O bigode é considerado como parte do adorno adâmico do homem. É narrado de Omar Ibn Khattab, o segundo califa do Islam, tinha um bigode com certo comprimento lateral, que sempre que se preocupava, torcia suas extremidades. O mesmo também era a prática do Imam Malik Ibn Anas, fundador da Escola Maliki.

Na opinião do Imam Malik, raspar o bigode na totalidade era considerado uma inovação na religião e em ambas as posições, dele e do Imam Shafi, a completa remoção do bigode era considerado um ato de "muthla" (mutilação). Nas demais escolas, a recomendação permanece, sendo incentivada somente a delineação dos pelos do bigode para que não cubram a boca, e sua remoção completa é considerada makruh (detestável).

Cabelo

"… seu cabelo descia até os lóbulos de suas orelhas." (Sunan an-Nasai, livro 48, Hadith 193)

"… e vi seus longos cabelos, que lhe chegavam quase até os ombros." (Sunan an-Nasai, livro 48, Hadith 23)

"Seus cabelos vinham-lhe até os ombros." (Sahih Muslim, livro 43, Hadith 126)

O Profeta Muhammad também costumava trançar seus longos cabelos em algumas ocasiões tais como viagens, onde mantê-los limpos apresentaria alguma dificuldade. É relatado sob a autoridade de Umm Hani (Sunan Ibn Majah, livro 32, Hadith 3762): "O Mensageiro de Allah adentrou Meca com (seu cabelo trançado em) quatro tranças."

O Profeta Muhammad mantinha seus cabelos de modo impecável, sempre penteados e perfumados, de modo que até mesmo o brilho do perfume poderia ser visto na divisão de seus cabelos. Conforme registrado no Sahih Bukhari, o Mensageiro de Allah costumava, quando tomava banho, derramar água três vezes em sua cabeça e depois esfregar o cabelo cuidadosamente para garantir que todo o couro cabeludo e as raízes do cabelo estivessem lavados.

Ele primeiro perfumava sua cabeça com qualquer bom perfume que estivesse disponível; pegando-o nas mãos primeiro, esfregando o lado direito da cabeça, depois o lado esquerdo e, finalmente, o meio com o perfume. Esse perfume permanecia nele mesmo depois que terminava de banhar-se. Sua esposa Aisha, também costumava pentear os cabelos do Profeta e lhes aplicar óleo de oliva. (Sahih Bukhari Volume 3, livro 33, Hadith 245).

Ainda que uma Sunnah do Mensageiro de Allah, a manutenção dos cabelos longos, se optada por um muçulmano que busque emular traços da aparência dele, deve atender a contextos específicos, como explicado pelos sábios: não imitar o estilo feminino, não imitar o modo associado a pessoas de má conduta ou fama na sociedade e estar de modo que seja condizente a uma boa aparência.

Caso o cabelo masculino seja trançado, as tranças precisam ser desfeitas para o banho ritual (ghusl). E ele, que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele, disse: "Quem quer que tenha cabelo, que então o honre." (Sunnan Abu Dawud).

Entretanto, no tocante a demais estilizações capilares, o qoza ou "tonsura", que consiste na prática de raspar uma parte do cabelo deixando a outra crescer, há uma proibição profética. [Fatawa Hindiyya; Nahlawi, Durar Mubaha; Birgivi, Tariqa Muhammadiyya; Bukhari; Muslim]

Os estudiosos concordam unanimemente que tal corte parcial não é permitido: alguns consideram a proibição para indicar que é pecaminoso, enquanto outros entendem a proibição de indicar que é levemente repugnada (makruh tanziha) e não pecaminosa em si. [Qari, Mirqat al-Mafatih]

Imam Birgivi menciona que a proibição é devida à fealdade de tal aparência, e que é baseada no amor do Profeta pelo equilíbrio, já que o raspar parcial é um tipo de injustiça à cabeça, por deixar parte dela coberta e outra parte nua. Nesse sentido, assemelha-se ao desencorajamento profético de usar apenas um sapato. [Tariqa Muhammadiyya]

Se parte do cabelo não for completamente raspada, mas apenas cortada mais curta que o resto, então o corte não se enquadra na proibição explícita do hadith. No entanto, se alguém o faz especificamente para imitar pessoas que não devem ser imitadas (como celebridades ou estrelas pop que exibem um comportamento corrupto), então seria proibido por esse motivo.

Alguns estudiosos contemporâneos são rigorosos em relação a tais cortes de cabelo e não os permitem de qualquer forma, porque a imitação de pessoas corruptas é geralmente o fator motivador. Contudo, se não for a total raspagem, mas apenas um corte um pouco menor de um lado para alinhar ao formato da cabeça, não há problema.

Referências: Iqara Islam, Benefical Ilm, Unto the One, Seekers Guidance e Dar Al-Ifta.

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