Vida intelectual
Tendo seus pais mudado para o sul de Bagdá quando ainda era criança, al-Khwarizmi viveu durante o período do califa al-Mamum, tendo trabalhado na lendária Casa da Sabedoria, sendo um dos maiores nomes desse centro intelectual de todos os tempos.
A época em que viveu foi o grande período das traduções das obras gregas, hindus e persas para o árabe. Foi principalmente por conta das obras oriundas dos hindus que o legado de al-Khwarizmi nasceu.
Sua obra principal se chamou Hisab al-Jabr w-al-Muqabalah, que significa "Livro do cálculo algébrico e confrontação". Como podemos ver, é devido ao título original de seu trabalho em árabe (al-Jabr) que originou o termo álgebra.
Fato curioso sobre a vida de al-Khwarizmi é que foi um dos grandes intelectuais que participaram daquilo que ficou conhecido como “operação Geodésia”, ou seja, um trabalho complexo de medição do comprimento e do grau terrestre, com o objetivo de determinar (supondo a esfericidade da Terra) o tamanho do nosso planeta e sua circunferência.
Al-Khwarizmi e os numerais romanos
Durante o período medieval, a Europa se valia dos numerais romanos, que por sua vez são compostos de letras representando certos valores, como por exemplo X = 10; V = 5; M = 1.000; L = 50 e assim por diante. Ocorre que tais numerais dificultam imensamente grandes cálculos matemáticos, principalmente se feitos de cabeça.
Foi justamente al-Khwarizmi que introduziu ao resto do mundo os numerais utilizados pelos hindus. Tais números eram fáceis de serem compreendidos e usados, facilitando imensamente o trabalho dos matemáticos, possibilitando equações complicadas e cada vez mais avançadas.
Com a apresentação desses números hindus ao Ocidente, os mesmos ficaram conhecidos como “numerais arábicos”, porém uma das principais contribuições trazidas ao Ocidente pelos muçulmanos não foi bem um número, mas sim a falta de um: o zero. Os matemáticos árabes-muçulmanos representavam o zero com um símbolo de um ponto ou um pequeno círculo, chamando-o de sifr, isto é, um objeto vazio. Essa palavra é a origem etimológica do que chamamos hoje por “zero”.
Ocorre que o zero não é utilizado somente para representar a ausência de algum valor, mas seu posicionamento junto a outros números ajuda a representar valores cada vez maiores ou menores dependendo de que local se encontra (seja para a esquerda ou para a direita), criando assim quantidades totalmente novas e antes impossíveis de serem representadas com os numerais romanos.
Graças a al-Khwarizmi a matemática pôde avançar no mundo islâmico e consequentemente no Ocidente, pois sem ele talvez jamais teríamos tido contato com essa pérola da civilização hindu.
Fontes
Graham, Mark. How Islam Created the Modern World. Amana Publications. 2006
Esposito, John L. (2000). The Oxford History of Islam. Oxford University Press.