Abu Bakr as-Siddiq
Abu Bakr é conhecido pelos muçulmanos como as-Siddiq, que significa “o Confirmador” em português. Ele possui este título devido aos eventos que se desenrolaram após a volta da Viagem Noturna ou al-Isra do Profeta, no qual cada vez em que o Profeta afirmava algo de seu milagre e era desmentido pelos incrédulos, Abu Bakr o defendia dizendo "sadaq", ou "disseste a verdade."
Abu Bakr esteve com o Profeta Muhammad durante a hégira, ou seja, quando os muçulmanos tiveram que migrar de Meca para Medina. Além disso, foi o único companheiro que esteve ao lado do mensageiro de Deus quando ele foi obrigado a se esconder na caverna de Thaur para escapar da perseguição da tribo dos coraixitas.
O Profeta Muhammad tinha grande estima e confiança em seu companheiro. Por causa disso, quando começou a ficar gravemente doente, ele pediu a Abu Bakr para que conduzisse os muçulmanos na oração.
Abu Bakr era dono de uma personalidade doce e gentil e ficou muito abalado por ver os dias de seu mestre chegando ao fim. Por isso, sua filha Aisha, que era esposa do Profeta, pediu a Muhammad que deixasse Omar guiar a comunidade naquele momento.
Porém, o Santo Profeta não voltou atrás e Abu Bakr conduziu a comunidade até os últimos dias de vida de Muhammad.
A comunidade muçulmana viveu uma terrível aflição após a morte do seu mestre. No entanto, Abu Bakr, que havia passado tanto tempo lamentando a morte do Profeta, demonstrou uma boa postura para reconduzir os fiéis, dizendo:
"Aquele que adora a Muhammad, eis que Muhammad está morto de fato. Mas, aquele que adora a Deus, eis que Ele está vivo e nunca morre." (Sahih al-Bukhari Vol. 5, Livro 57, No. 19)
Abu Bakr como Califa
A postura firme de Abu Bakr após a morte do Profeta Muhammad fez com que a comunidade muçulmana que vivia em Medina o elegesse como califa.
Embora seu califado tivesse durado por um período curto, de cerca de dois anos, o califa precisou lidar com uma série de problemas para evitar que os princípios do Islam se perdessem.
Antes de morrer, o Profeta Muhammad levantou um exército para combater os soldados bizantinos na Síria. No entanto, quando ele faleceu, as tropas ainda não haviam saído de Medina e a situação estava desfavorável para os muçulmanos, devido ao caos que havia se instalado na comunidade após a morte do Mensageiro de Deus.
Por causa dos problemas que a comunidade estava enfrentando, muitos dos companheiros do Profeta haviam recomendado que Abu Bakr não prosseguisse com a ofensiva. No entanto, ele respondeu: "Que autoridade tem o filho de Abu Quhafah para parar o que foi iniciado pelo Santo Profeta?".
Através da determinação de Abu Bakr, os muçulmanos conseguiram derrotar os romanos. Em seguida, ele também conseguiu reprimir uma rebelião no Bahrein, que teve apoio dos persas.
No entanto, o principal desafio de Abu Bakr estava dentro de sua comunidade. Após a morte do Profeta, muitas pessoas começaram a conspirar contra o legado que ele deixou. Alguns haviam aceitado o Islam somente por conveniência; outros não aceitaram a decisão da maioria sobre a sucessão de Abu Bakr e também havia pessoas que, mesmo sendo ricas, se recusaram a pagar a caridade do Zakat, criando um parecer teológico novo na religião em cujo Zakat seria um "dinheiro devido ao Profeta". Além disso, também houve casos de homens alegando serem profetas e tentando dominar Medina.
Abu Bakr liderou os muçulmanos contra todos que se revoltaram contra o califado e conseguiu vencer todos os conflitos. A batalha mais sangrenta foi contra o falso profeta Musaylimah e, apesar de o oponente ter um exército muito maior, os adeptos do Islam saíram vitoriosos.
Sua personalidade nobre e sua determinação no campo de batalha foram fundamentais para manter o Islam vivo ao longo dos séculos. Além dessas qualidades, um legado palpável deixado por Abu Bakr foi extremamente importante para difundir o Islam e manter a religião coesa: a compilação do Alcorão em um livro.
Quando o mensageiro de Deus recebeu as revelações, os muçulmanos registravam as passagens em peles de animais, papéis e rochas. E quando ainda era vivo, ele ensinou aos seus companheiros qual era a ordem dos versos sagrados. No período do califado, graças aos esforços de Abu Bakr e dos companheiros do Profeta, foi possível compilar todas as passagens em um único livro.
No ano de 634, Abu Bakr ficou doente e, após 15 dias em estado grave, ele morreu aos 60 anos de idade. Quando soube da notícia, Ali ibn Abu Talib foi até a casa de seu falecido amigo e, quando estava rodeado de pessoas, ele disse: "Ó Abu Bakr, que Allah tenha misericórdia de você. Você era o companheiro mais próximo e amigo do Mensageiro de Allah; você foi um consolo para ele; você era quem ele mais confiava."