Durante o período de 1835 a 1839, durante a invasão francesa à Argélia, o oficial francês Léon Roche foi designado como espião para tentar buscar fraquezas na imbatível resistência argelina liderada pelo mestre sufi Emir Abdelkader al-Jazairi. Apresentando-se como um "muçulmano convertido", Léon, que falava árabe fluente, logo tornou-se muito próximo de Abdelkader, ganhando sua amizade. Após descoberta sua traição e verdadeiras intenções, e ver nos olhos do líder argelino mais desprezo e tristeza que raiva, Léon fugiu, entregando mais tarde diversas informações que auxiliariam os franceses a derrotar Abdelkader.
Em suas memórias, muitas das quais contidas em seu livro "Trente-deux ans à travers l′Islam" (Trinta e dois Anos através do Islam), Léon Roche escreveu uma interessante passagem sobre Abdelkader al-Jazairi:
"À noite, acordei me sentindo bem. Abri os olhos e me senti revivido. O pavio enfumaçado de uma lâmpada árabe mal iluminava a vasta tenda do Emir. Ele estava a três passos de mim, pensando que eu estava dormindo. Ergueu seus dois braços a altura da cabeça, exibindo sua capa e túnica branca leitosa, que caiam em soberbas dobras. Seus lindos olhos azuis, forrados com cílios pretos, olhavam para cima. Seus lábios, ligeiramente abertos, pareciam ainda recitar uma oração, mas, não obstante, estava imóvel. Ele chegara a um estado de êxtase. Suas aspirações ao céu eram de tal ordem que ele parecia não mais tocar a terra. Às vezes, recebi a honra de dormir na tenda de Abdelkader e eu o vira em oração, sendo atingido por seus êxtases místicos. Mas nesta noite, ele representou para mim a imagem mais impressionante da fé. Os grandes santos do cristianismo devem ter rezado desta maneira."
Fotos de ambos Abdelkader al-Jazairi e Léon Roche, século XIX.