Abad é o conceito na teologia e na filosofia islâmica que significa originalmente "o tempo no sentido absoluto". Quando o problema da eternidade do mundo foi discutido no Islam sob a influência da filosofia grega, a abad (ou abadiyya) tornou-se um termo técnico correspondente ao termo grego aphtartos (incorruptível, eterno, ou pós-eterno), em oposição a azal (ou azaliyya), correspondente ao termo grego agenetos (não-gerado, eterno, ou pré-eterno).
Ao discutirem o problema filosófico sobre se o mundo é incorruptível ou não, os filósofos muçulmanos aderiram à máxima aristotélica que azal e abad implicam um no outro, que o que tem um começo deve ter fim e o que não tem começo não pode ter fim. De acordo com esse pensamento, o tempo, o movimento e o mundo em geral são eternos em ambos os sentidos. Entre os teólogos que acreditavam na criação temporal do mundo, apenas Abul Hudhail, um dos primeiros mutazilitas, admitiu a máxima aristotélica mencionada. Ele aplicou a teoria "que o que tem um primeiro termo deve ter um último" até mesmo ao conhecimento e poder de Deus, dizendo que Deus, tendo chegado ao termo final de Seu poder, não seria mais capaz de criar nem mesmo um átomo, para mover uma folha ou ressuscitar um mosquito morto.
Os teólogos se opuseram à máxima aristotélica com o argumento de que se o mundo não tivesse começo, no momento presente um passado infinito teria sido percorrido, o que é impossível; no futuro, entretanto, essa impossibilidade não existe porque no futuro nenhum infinito jamais será percorrido. Além disso, a série de números inteiros precisa de um primeiro termo, mas não um final, e um homem pode ter remorso eterno, embora seu remorso deva ter um início. Eles concluíram, portanto, que não há prova racional para a incorruptibilidade do mundo ou seu oposto.
De acordo com o Alcorão, no Dia do Juízo Final: "A terra, integralmente, caberá na concavidade de Sua Mão, e os céus estarão envolvidos pela Sua mão direita." [38:67]. Constitui-se aí a visão ortodoxa islâmica que a aniquilação de todo o mundo (incluindo a destruição do céu e do inferno, que, entretanto, não acontecerá, como é sabido pela revelação) é possível, jaiz, considerado como algo sob o poder de Deus. Este mundo (dunya) será destruído, mas não o céu e o inferno.
Referências:
O problema é tratado de maneira completa por al-Ghazzali no cap. II de seu Tahafut al-Falasifa, ed. Bouyges, 80 ff.;
cf. Ibn Rushd, Tahdfut al-Tahdfut, ed. Bouyges, 118 ff., tr. by S. van den Bergh, 69 ff. (with notes);
cf. also S. Pines, Beitrdge zur islamischen Atomenlehre, 15, note i. (S. VAN DEN BERGH). The Encyclopaedia of Islam.