Nizam

Mandinga no Brasil Colonial era a designação de um grupo étnico de origem africana praticantes do Islam, possuidor do hábito de carregar junto ao peito pendurado em um cordão com um pequeno pedaço de couro com inscrições de trechos do Alcorão, que negros de outras etnias denominavam patuá. Depois de feita a inscrição o couro era dobrado e fechado costurando-se uma borda na outra.

Os mandingas, via de regra, por serem melhor instruídos que outros grupos de escravos e possuírem conhecimento de linguagem escrita, eram escolhidos para exercerem funções de confiança, dentre elas, a de capitão do mato. Também eram capacitados a descobrir possíveis impostores negros através de palavras e gestos islâmicos ou pedindo para que recitassem versos do Alcorão, e se os possíveis impostores errassem ou não entendessem, eram considerados foragidos, dai o temor de mandinga significar magia, ou feitiço. Os mandingas costumavam usar turbantes ou barretes vermelhos, sob os quais normalmente mantinham seus cabelos espichados.

Com as leis de proibição da prática do Islam no Brasil após a Revolta dos Malês em 1835, o hábito de carregar versos do Alcorão foi igualmente proibido, e com as conversões sob pressão social ao catolicismo, as gerações seguintes de negros foram perdendo a herança islâmica, porém certas práticas ressurgiram de uma nova forma até chega na conotação atual de que a mandinga tem hoje com feitiçaria ou prática de religiões de matrizes africanas, através do sincretismo que o Islã sofreu no Brasil.

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