Na religião islâmica, longe de ser uma maldição divina, a diversidade humana em culturas, idiomas, etnias e tantos outros fatores é um sinal da beleza da Criação de Allah, através da qual o ser humano ganha conhecimento. Ele, exaltado seja, disse no Alcorão Sagrado (49:13):
"Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente."
De acordo com os exegetas do Alcorão, Imam al-Qurtubi e al-Suyuti, durante a vida do Profeta Muhammad, este versículo foi revelado em 3 ocasiões, que dizem muito sobre como os seres humanos devem lidar com questões como orgulho racial ou superioridade étnica, pois às vezes se esquecem do fato de que independente de nossa aparência, todos somos filhos e filhas de Adão e Eva, diferentes apenas pela Misericórdia de Allah, e nossos únicos graus de superioridade ou inferioridade são no de temência a Ele.
Na primeira revelação, é relatado que um homem estava numa reunião diante do Profeta, e para conseguir um lugar, pediu para que outro lhe desse espaço ofendendo sua mãe. O Profeta então pediu para que ele olhasse em volta, para ver se ali havia alguém diferente dele, e então o versículo foi revelado.
Na segunda, é relatado que na Conquista de Meca, alguns árabes ficaram contrariados com o fato de um negro, ex-escravo, Bilal, subir no topo da Caaba para fazer o chamamento da oração, ao que, diante seus ditos de desdém, este versículo foi revelado.
Na terceira ocasião, é dito que um menino de pele escura sempre orava atrás do Profeta na mesquita. Quando este faltou a oração em determinada ocasião, o Profeta procurou visitá-lo, e descobriu-lhe muito doente, até que então morreu. O Profeta, muito afeiçoado ao menino, lhe lavou o corpo e o preparou com suas próprias mãos para o enterro.
Alguns ficaram contrariados, dizendo que "Muito haviam feito pelo Profeta, para ele preferir um menino negro a eles", ao que o Mensageiro de Allah respondeu com a revelação deste versículo.
Tafsir de Referência: Asbab al-Nuzul, Imam Ali Ibn Ahmad al-Wahidi, tr. Mokrane Guezzou, pg. 209, 2010.