Nizam


Representação artística iraquiana de 1935 acerca do evento.

A Batalha dos Mastros (Ma‘rakat Dhat al-Sawari), um conflito naval travado nas águas da Lícia na Anatólia em 654, entre as forças bizantinas lideradas pelo próprio imperador Constante II, e o comandante árabe do Califado Rashidun, Abul Awar, foi o ponto de virada na afirmação do domínio muçulmano do Mediterrâneo do século VII.

Nos anos 650, o Califado Rashidun obliterou em um curto espaço de tempo o outrora poderoso Império Sassânida da Pérsia e continuou sua expansão bem-sucedida nos territórios do império bizantino. Em 645, Abdallah ibn Saad foi nomeado governador do Egito por seu irmão adotivo, o terceiro califa rashidun, Uthman ibn Affan, substituindo o semi-independente Amr ibn al-As que havia conquistado a região.

Uthman permitiu a Muawiyah, futuro califa omíada Muawiyah I, realizar uma incursão à ilha do Chipre em 649 e o sucesso dessa campanha preparou o terreno para a realização de atividades navais pelo governo muçulmano do Egito. Abdallah ibn Saad construiu uma marinha forte com auxílio de marinheiros cristãos do Levante e Egito, com mais experiência no mar de que os outrora beduínos árabes, e provou ser um comandante naval habilidoso. Sob ele, a marinha muçulmana obteve várias vitórias navais, incluindo a defesa de um contra-ataque bizantino em Alexandria em 646.

Em 654, Muawiyah empreendeu uma expedição na Capadócia, enquanto sua frota, de 200 embarcações sob o comando de Abul Awar, avançava ao longo da costa sul da Anatólia. O imperador Constante II embarcou contra ele com uma grande frota de 500 navios.

As duas forças se encontraram na costa do Monte Phoenix, na Lícia, e devido ao mar revolto, a estratégia naval foi amarrar as embarcações de ambos os lados para permitir o combate corpo a corpo. E como em outras batalhas em anos recentes, os muçulmanos foram vitoriosos não só contra um exército numericamente superior, mas também tecnologicamente, vindo de uma grande tradição de navegadores, enquanto os muçulmanos em geral, mal acabavam de sair do deserto.

A Batalha recebeu este nome pelo choque entre os mastros dos navios de ambos os lados. Os bizantinos perderam mais de 400 embarcações, praticamente todas que haviam levado ao mar, e Constante mal escapou com vida, fugindo disfarçado de soldado.

Bibliografias recomendadas

- Robert G. Hoyland, In God's Path: The Arab Conquests and the Creation of an Islamic Empire.

- Humphreys, R. Stephen, ed. (1990). The History of al-Ṭabarī, Volume XV: The Crisis of the Early Caliphate: The Reign of ʿUthmān, A.D. 644–656/A.H. 

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